Desaparecimento de três homens em Vacaria completa 60 dias

Além de Moraes, também estão sumidos os pedreiros Nelson Jair Soares, 44, e Alexsandro do Amaral Correa, 23. A Polícia Civil permanece com o caso, mas a falta de pistas que possam levar ao paradeiro do trio dificulta as investigações. A hipótese de afogamento, cogitada inicialmente, está praticamente descartada. A principal linha de investigação é criminal.
O caso chegou ao conhecimento da polícia no dia 4 de abril, quando iniciaram as buscas. Os três, que trabalhavam na construção de uma casa de lazer para o empresário, foram vistos pela última vez no dia 3 de abril pelo vizinho Dinarci Perotoni, cuja porteira é o único acesso ao terreno de Moraes.
Durante 14 dias, o efetivo de Vacaria e de Porto Alegre vasculhou toda a região, incluindo buscas na água e por terra com o apoio de um helicóptero. Porém, nenhum vestígio foi encontrado, o que intriga os envolvidos no caso.
— Se eu disser que há alguma coisa que aponte para a solução do caso, não vai ser verdade. Todas as pessoas que têm relação com os desaparecidos estão sendo ouvidas, mas até agora não encontramos nenhuma prova substancial que pudesse colaborar — afirma o delegado Anderson Silveira de Lima, que conduz o caso.
Como a região do desaparecimento fica às margens do Rio Pelotas, as buscas iniciais se concentraram nas águas e a principal hipótese era afogamento. Porém, devido ao tempo do sumiço, esta linha de investigação já está praticamente descartada, conforme Lima:
— Se fosse o caso, (os corpos) já teriam flutuado. A hipótese principal é de crime, mas não sabemos especificar se homicídio, latrocínio ou sequestro, que é o menos provável. Não posso dizer a linha investigativa, porque infelizmente não existe pista material — reforça o delegado.
Conforme Lima, a investigação fica em aberto por pelo menos seis meses. Há oito anos atuando à Polícia Civil, ele diz que este é o caso mais complexo da sua carreira:
— Com certeza, o mais difícil, principalmente porque não há corpo. Não podemos nem afirmar que eles morreram — diz.
“A cada dia que passa, a angústia só aumenta”
Para a família, a angústia de não ter nenhum sinal dos parentes desaparecidos é a pior companheira possível. Alexsandro Correa é natural de Vacaria, mas mora em Caxias há cerca de um ano com a mulher, Marina Gabriela Navarro, 18, e com a filha dela de um ano e quatro meses. Já Nelson Jair Soares mora sozinho em Caxias e é natural de Alegria. Ele tem seis filhos e trabalha como pedreiro e carpinteiro.
— A minha mulher (mãe de Correa) chora bastante. Mas não sabemos nada. A polícia diz que está investigando — lamenta o padrasto de Correa, Fabiano Almeida.
O empresário Eleandro Aparecido Rodrigues Moraes adquiriu o terreno em Capela do Caravaggio para construir uma casa de lazer. Morador do bairro Exposição, Moraes levava periodicamente dois pedreiros para a obra em Vacaria. Os contratados acampavam em galpão e trabalhavam por períodos definidos, entre 15 e 45 dias. Moraes é casado e tem três filhos: um garoto de três anos, uma menina de 10, e uma filha adolescente.
— A cada dia que passa, a angústia só aumenta. É uma aflição 24 horas por dia, uma incerteza sem fim. A gente pede que, por favor, se alguém viu ou sabe de alguma coisa, informe a polícia — pede a mulher dele, que prefere não se identificar.
Ela diz que está sendo complicado lidar com a situação, principalmente por causa das crianças.
— A gente tenta se policiar em casa. Não chorar na frente deles, mas é difícil — lamenta.
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Fonte: Gaúcha ZH